JPS - Durante meus cinco meses de moradia no litoral norte de São Paulo, em um de meus acessos no computador reservado aos hóspedes da pousada qual gerenciei na praia de Camburi, conversei com um amigo jornalista que entrou no “bonde” do pai que precisou se mudar para os Estados Unidos depois de algumas credibilidades envolvidas com a GM Brasil.
E a primeira frase do rapaz, antes mesmo do “boa noite” foi dizer que assistiu, junto com a família, a edição 2008 da 500 Milhas de Indianápolis. E naquela calmaria perturbadora de um homem urbano que decidiu morar na praia sem pensar muito bem sobre, os detalhes mencionados pelo amigo do outro lado da tela soaram como o primeiro gongo de que eu, ali em Camburi, estava perdendo o foco das coisas que poderiam nunca mais ser as mesmas depois de meu retorno oficialmente garantido para um dia, fosse lá qual fosse.
Nunca fui para a América do Norte. Logo, não conheço Indianápolis. Porém algumas cenas estranhas passam agora pela minha cabeça, como quadros sujos e escuros pendurados em borracharias e mecânicas velhas, fotos de revistas mal conservadas em sebos de grandes cidades, entre outras lembranças que sempre voltam a cutucar algum lance aqui dentro quando vejo, leio ou falo de Indianápolis.
Para ser mais exato, o circuito americano que o mundo conhece cheira, ao meu ver, morte. Sei que é chato dizer isso, mas a pista de quatro quilômetros já varreu alguns cadáveres feios em meio aos motores que, segundo a palavra de meu amigo americanizado e também a do fotógrafo Miguel Costa Jr., passam rápido. Muito rápido.
Mas a idéia de escrever sobre Indianápolis foi ver acidente de Scott Sharp em mais um dia (entre tantos) de treinos para a edição da 500 Milhas 2009, e me lembrar do milagre da física que fez Kenny Brack sobreviver após um acidente que desmanchou seu carro em 2003.
Este fato também foi nota de um bate-papo que tive com um cara americano/abrasileirado que trabalhava na Fórmula Indy naquela época. Segundo ele, a esposa de Brack estava nos boxes do circuito do Texas e nada podia fazer além de chorar e se desesperar ao ver a cena nos monitores e ao vivo, ao mesmo tempo.
Naquele mesmo ano, se não estou enganado, um acidente de treino livre após o término da temporada matou um jovem piloto após seu carro ultrapassar a grade de proteção entre pista e arquibancadas. O circuito: Indianápolis.
De qualquer forma, o templo continua existindo e a boa fase entre Tony George e a organização da Indy parece estabelecer um ar de agrado no meio dos carros nesta temporada. Para melhorar, só mesmo uma vitória verde-amarela no próximo dia 24.
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