
E a primeira frase do rapaz, antes mesmo do “boa noite” foi dizer que assistiu, junto com a família, a edição 2008 da 500 Milhas de Indianápolis. E naquela calmaria perturbadora de um homem urbano que decidiu morar na praia sem pensar muito bem sobre, os detalhes mencionados pelo amigo do outro lado da tela soaram como o primeiro gongo de que eu, ali em Camburi, estava perdendo o foco das coisas que poderiam nunca mais ser as mesmas depois de meu retorno oficialmente garantido para um dia, fosse lá qual fosse.
Nunca fui para a América do Norte. Logo, não conheço Indianápolis. Porém algumas cenas estranhas passam agora pela minha cabeça, como quadros sujos e escuros pendurados em borracharias e mecânicas velhas, fotos de revistas mal conservadas em sebos de grandes cidades, entre outras lembranças que sempre voltam a cutucar algum lance aqui dentro quando vejo, leio ou falo de Indianápolis.
Para ser mais exato, o circuito americano que o mundo conhece cheira, ao meu ver, morte. Sei que é chato dizer isso, mas a pista de quatro quilômetros já varreu alguns cadáveres feios em meio aos motores que, segundo a palavra de meu amigo americanizado e também a do fotógrafo Miguel Costa Jr., passam rápido. Muito rápido.
Mas a idéia de escrever sobre Indianápolis foi ver acidente de Scott Sharp em mais um dia (entre tantos) de treinos para a edição da 500 Milhas 2009, e me lembrar do milagre da física que fez Kenny Brack sobreviver após um acidente que desmanchou seu carro em 2003.
Este fato também foi nota de um bate-papo que tive com um cara americano/abrasileirado que trabalhava na Fórmula Indy naquela época. Segundo ele, a esposa de Brack estava nos boxes do circuito do Texas e nada podia fazer além de chorar e se desesperar ao ver a cena nos monitores e ao vivo, ao mesmo tempo.
Naquele mesmo ano, se não estou enganado, um acidente de treino livre após o término da temporada matou um jovem piloto após seu carro ultrapassar a grade de proteção entre pista e arquibancadas. O circuito: Indianápolis.
De qualquer forma, o templo continua existindo e a boa fase entre Tony George e a organização da Indy parece estabelecer um ar de agrado no meio dos carros nesta temporada. Para melhorar, só mesmo uma vitória verde-amarela no próximo dia 24.
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