sábado, 6 de dezembro de 2008

TALENTO E HUMILDADE

Entre os especiais sobre Ayrton Senna que colocaram na Tv durante a semana pós-morte do piloto, milhares de brasileiros sentaram em seus sofás na noite de sexta-feira para assistirem o intensamente anunciado Globo Repórter especial sobre a vida do tricampeão.

Entre uma nota e outra, eis que surge um moleque no kart para falar dele, dividindo as imagens ao lado de Tony Kanaan, que naquela época já se preparava para dar um salto maior na carreira.

Pelas imagens, senti que o garoto era educado e aparentemente bacana, ao mencionar uma pequena, porém importante frase ao dizer “...quem sabe um dia, um de nós consegue chegar lá aonde ele chegou...”. Mas só depois de começar definitivamente meus passos no automobilismo saquei que ele, Ricardo Maurício, também era muito bom de braço.

Sua passagem pela Fórmula Ford brasileira foi curta, porém vencedora. E dela partiu seu empurrão para a Europa, para uma fase que o automobilismo internacional rendeu, pelo menos, a chance de conhecer os melhores circuitos do mundo, além de dividir equipe com nomes como Nick Heidfeld, quando o brasileiro era patrocinado pela Red Bull lá fora.

Apesar de alguns convites ou promessas tão comuns na vida de um piloto brasileiro que se desloca para a Europa, Ricardo correu, venceu, sofreu um grave acidente não registrado pelas câmeras em um treino livre da Fórmula 3000 e voltou ao Brasil.

Depois de um tempo sem ouvir falar nele, seu nome foi selado em um Stock-Car para mais uma vez colocar em destaque sua performance nunca abalada ou menosprezada. E o resultado é que amanhã ele poderá ser campeão da categoria.

Sua aceitação, em 2004, como colunista de minha revista foi aplaudida e bastante profissional. Mais do que isso, ele fez presença em um evento promovido pela editora onde eu trabalhava, no intuito de ser presente, nada mais.

Ricardo merece, é amigo, bom piloto e todo mundo sabem disso. Torço por ele!


QUANTO CUSTA? A finalíssima da Stock que rola amanhã em Interlagos promoveu lances interessantes. Entre eles, um anúncio de meia página no Estadão (ou será que era Folha?... não me lembro). Mesmo assim, a categoria não conseguiu fazer o que os americanos ainda têm como mérito maior, ou seja, a criação de ídolos.

Por mais que a Rede Globo coloque no ar um número cada vez maior de provas com transmissões ao vivo, o brasileiro não cria expectativa na imagem de um piloto conterrâneo que corre em solo nacional.

Exceto um nome entre todos ou outros: Ingo Hoffmann, que amanhã terá os aplausos do país inteiro que acompanha velocidade para sua última largada como piloto de Stock-Car.

FALANDO EM INGO... O que mais me chamou atenção em Ingo até hoje, foi ver, em um treino classificatório do campeonato Sul-Americano de Turismo, sua performance extremamente perfeita quando corria com um modelo BMW, no campeonato em que Oscar Larrauri - o mastigador de chicletes - conquistou o título do único ano em que a categoria existiu.

Volta por volta, eu ficava de olho onde a roda dianteira esquerda do carro do brasileiro ia passar na entrada do “S” do Senna. E a cada giro, mesmo baixando seu tempo, a imagem mais parecia um replay da volta anterior. Em resumo, o homem é redondo, mesmo com seu estilo de não cruzar os braços no volante.

Outra coisa que também me chamou atenção foi acompanha-lo em um briefing com os pilotos onde o limite de velocidade nos boxes ainda era novidade na categoria. E uma pergunta sua fez toda a diferença na prova, qual não lembro quem venceu, mas com uma leve recordação, ele se deu bem.

Quando o diretor de prova mencionou que havia radares de velocidade nos boxes, Ingo levantou a mão e perguntou se somente na localização dos radares não podiam passar em velocidade maior do que a permitida no regulamento. Com a resposta afirmativa do diretor, meio perdido com a pergunta tão óbvia, descobri o que “Alemão” queria com isso.

Durante aquela prova, enquanto todos os outros pilotos limitavam sua velocidade no pit-lane inteiro, Ingo acelerava, e freava apenas nos pontos onde os radares estavam posicionados, após uma breve análise para decorar onde estavam os aparelhos que os pilotos odeiam.

Ingo fez história, correu na Fórmula 1 e disputou as provas da Stock, por muitos anos, com Paulo Gomes, pai de Marcos, que disputará o título com Ricardo Maurício amanhã em São Paulo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

POBRE PUBLICIDADE

A publicidade brasileira é realmente muito bacana e especial, graças a jovens talentos de cabeça aberta que coloca na tela da tv ou nas páginas de revistas algo tão criativo que... as vezes falha.

Um dos comerciais que não esqueço nunca é aquele das formiguinhas que subiam nas caixas de som e, com as batidas graves da potência do novo micro-sistem, saiam “voando” pela sala, rindo e se divertindo. Foi a partir deste lance que sempre fiquei de olho em novos comerciais, e sempre admirei a arte do pensar entre profissionais desta área.

Mas de uns tempos pra cá, algumas coisas ficaram estranhas. Não sei se a onda agora é criar aquilo que ninguém entende pra tentar fazer algum sentido ou se o lance é mesmo fazer o povo de idiota para consumir aquilo que ninguém, de fato, sabe porque.

Na quarta-feira passada estreou o novo comercial da Volkswagen, e nele foi criado um cachorro-peixe muito bem feito através das artes mágicas da computação que acompanha o surfista - dono do cão mergulhador – em suas aventuras na praia.

Apesar de engraçado e criativo, o que tem a ver o slogan “cabe o que você imaginar” com o carro? Ou melhor, com o cachorro-peixe que inventaram. Pois se a aberração é pequena, não cabe ao menos as toneladas de drogas que usaram para criar um comercial desses.

Mas como brasileiro é burro e cego, vai ver e gostar do lado humorístico da propaganda e comprar um Space Fox sem saber porque. Afinal, não é assim que a moda dos IPod pegou?

Pra mim, aquilo não passa de um pedaço de aço coberto por plástico que armazena um espaço maior de áudio e vídeo. Nada mais!.... Modas urbanas que fazem do povo um verdadeiro espetáculo de fantoches.

Se você for praticar uma corridinha pela manhã sem seu foninho de ouvido... ai ai ai. Está excluído da sociedade porca que vemos hoje.

O LADO ENGRAÇADO DAS COISAS: Quando eu morava em São Paulo – devo voltar em breve – eu me deslocava para meu trabalho de ônibus. E no vai e vem do trânsito infernal naquela sujeira toda que chamam de cidade, foram muitas, pra mais de cem, o número de vezes que vi um adolescente entrar cansado no busão, pegar sua mochila gay cheia de apetrechos (chaveiros gigantes de ursinhos e outras coisas que mais pareciam ser retirados de um terreiro de macumba), abrir os milhares de bolsos da mala e retirar um lindo e chocante fone de ouvido. O trabalho era tão árduo que parecia uma micro-cirurgia em meio aos panos que envolviam sua mala. Tudo isso para escutar música.

Quando é que voltaremos a ser normais?

O LADO NEGRO DAS COISAS: Vejam esta nota na íntegra retirada do BlueBus. Já que mencionei o adolescente aí em cima, dêem uma olhada no que está chegando por aí:

Alec Greven, 9 anos, escreveu 'How to Talk to Girls' (Como falar com garotas). O livro foi um sucesso na feira da sua escola, em Castle Rock, Colorado. Agora o titulo foi comprado pela editora Harper Collins. Greven dá dicas sobre como abordar as meninas - "Se eu digo 'oi' e você diz 'oi' de volta, provavalmente temos um bom começo". E compartilha sua sabedoria - "A melhor escolha para a maioria dos garotos é uma garota comum". Explica - "Lembre-se, algumas garotas bonitas sao pouco afetuosas quando se trata de meninos".

LEITORA DO BLOG ASSISTE GT3 DE GRAÇA

Prometemos e cumprimos! A leitora Paula Ribeiro, de 25 anos, assistiu a última etapa do Campeonato Brasileiro de GT3 de graça em Interlagos no último final de semana. Junto com ela, seu maridão, que também visitou os boxes e conheceram de perto os modelos Vipers, Ferraris, Fords GT e Porches que participam do campeonato. - Na foto, o fato testemunhado da Paula junto com Wilsinho Fittipaldi, piloto da categoria.

O campeonato 2008 contou com público bastante expressivo durante o ano e promete muito mais para 2009, com novas máquinas, novos nomes e, enfim, um automobilismo de verdade para brasileiro ver.

Se você não conseguiu participar desta vez, fique de olho diariamente neste blog para entender as regras e conferir de perto novas provas em algum lugar do Brasil, além de concorrer a camisetas e bonés de grandes pilotos brasileiros, como Wagner Ebrahim, terceiro colocado no campeonato este ano e nosso parceiro aqui no RACE CARS AND MUCH MORE.

Segue a classificação final 2008 após a etapa de encerramento de São Paulo.

1) Xandy Negrão / Andreas Mattheis, 116
2) Walter Salles / Ricardo Rosset, 100
3) Wagner Ebrahim / Fábio Ebrahim, 66
4) Alceu Feldmann, 63
5) Valdeno Brito, 49
6) Cláudio Ricci / Rafael Derani, 46
7) Lico Kaesemodel, 45
8) Paulo Bonifácio / Ingo Hoffmann, 44
9) Matheus Stumpf, 36
10) Norberto Gresse, 33
11) Elias Nascimento Jr. / Leonardo Burti, 28
12) Emerson Fittipaldi, 26
13) Allam Khodair, 24
14) Renato Cattalini / Antonio Jorge Neto, 23
15) Marcelo Hahn, 19
16) Abramo Mazzochi, 19
17) Ramon Matias, 17
18) Thiago Marques, 13
18) Walter Derani / Giuliano Losacco, 13
20) Wilson Fittipaldi, 10
21) César Urhnani, 5
21) Daniel Landi, 5
23) Sérgio Lúcio / Luiz Garcia Jr., 2
23) Otavio Mesquita, 2
23) Antônio Hermann, 2
23) Amilcar Collares, 223) Affonso Giaffone Neto, 2

PEQUENOS ATRITOS E TUDO SE ENCAIXA

PC (O mundo dá voltas...) Meus primeiros passos no automobilismo aconteceram na Fórmula Ford e nas categorias do kart paulista.

Na primeira, a oportunidade de ver alguns pilotos pulando pra fora do Brasil logo depois de minha estréia em coberturas oficiais nas pistas, que aconteceu assim... meio sem querer e na cara de pau. Mas foi no kart que coloquei os olhos em garotos que, sinceramente, queria ter a oportunidade de ver um dia nas categorias top do automobilismo mundial. E alguns chegaram lá, entre eles Felipe Massa e Nelson Ângelo Piquet.

Acontece que a safra posterior foi a que mais me dediquei e mais conheci nas coberturas do kartismo nacional, com a presença de alguns nomes como Danilo Dirani, André Nicastro, Lucas di Grassi, Renato Jader, Tuka Rocha e tantos outros.

Dois deles, em especial, brigaram com unhas e dentes a temporada paulista de alguma divisão que não me lembro em meados de 1997. Danilo Dirani e Christiano Tuka Rocha foram destaque em um kart que, naquela época, ainda lotava o acesso aos boxes dos kartódromos por aí.

Ambos cresceram. Tuka Rocha foi para a Fórmula 3000 Européia, voltou ao Brasil, virou notícia depois de um bom tempo com o convite feito pela equipe brasileira na A1GP e este ano defendeu a equipe do Flamengo na Superleague.

Já Danilo, que corria em uma categoria mais forte que a do seu irmão - o pequeno Dennis que nunca mais ouvi falar, apesar de muito rápido quando ainda criança - partiu para a Fórmula 3 Sul-americana. Foi campeão e brigou muito com outro nome: Lucas di Grassi.

Sempre sério e com cara de poucos amigos, nunca gostei de ver Lucas circulando por aí. Mas o cara tem carisma e é bom piloto, além do que as aparências enganam.

Lembro-me de um dia ter recebido de sua assessoria de imprensa as fotos do menino tirando sua carteira de habilitação no bairro das Perdizes, zona oeste de São Paulo. Mais importante do que isto é a lembrança de uma rápida coletiva logo depois do encerramento de uma etapa da Fórmula 3 em Interlagos quando Lucas sentou-se ao lado de Danilo e resumiu um “pra variar, ele venceu de novo”. Bilhões de idéias estranhas passaram na minha cabeça naquele momento, desde uma suposta desconfiança de Lucas ao time rival que burlava as regras da categoria, ou até mesmo a pobre aceitação de que Dirani seria mesmo melhor do que ele.

Acontece que o mundo gira e o que vemos agora é Lucas na posição de test-drive da Renault, disputando uma vaga na Honda para titular na Fórmula 1. A mesma equipe que, por ironia do destino, ficou “devendo” um teste para Danilo Dirani, testemunhado pelas lentes de um fotógrafo particular com o uniforme do time inglês nos boxes de Interlagos durante o GP Brasil de 2004, logo depois de um ano completo na Fórmula 3 Inglesa, onde, pra variar, ambos também disputaram o campeonato juntos entre os circuitos europeus.

Pra complementar um pouco mais esta complexa historinha, um outro nome dividia os grids da Fórmula 3 ali na Europa. E seu nome era Bruno Senna, também um dos candidatos a vaga da Honda nos testes que, soube ontem, convidaram Rubens Barrichello para entrar no páreo Senna / Di Grassi.

Concluindo as coincidências irônicas, senti um certo atrito entre Lucas e Rubens após o final das duas baterias do Desafio das Estrelas que ocorreu lá em Florianópolis neste último domingo. Parece que um deles não gostou muito dos toques tão comuns no kart que ambos começaram. Mas uma pergunta ficou no ar: Porque Senna não participou do evento que contou com tantos nomes fortes? Será que Gerard Berger o segurou por ali, em Barcelona, para trocar algumas idéias com os importantes cabeças da Honda? Afinal de contas, quando companheiro do tio, ambos eram os deuses da Honda na Fórmula 1... tudo muito estranho.