Assisti a este comercial super bacana da Guinnes e me lembrei de Nelson Ângelo Piquet. Então vou falar dele. Ou melhor, da situação chata que vive aquele garoto baixinho de capacete grande que conheci há anos no Kartódromo da Granja Viana.
Lembro de ter visto ele perguntado ou reclamando de alguma coisa para um comissário da pista junto com outros pequenos pilotos, que permaneciam quietos. Logo pensei: Iiiii, puxou o pai. Mas naquela época, eu mal conhecia o automobilismo que conheço hoje.
Tenho uma foto dele feita naquele dia, com minha antiga câmera Cannon bastante caseira que não funciona mais. E esta foto serviu para minha primeira publicação de matéria em um jornalzinho tablóide mixuruca que era distribuído em algumas escolas de São Paulo, chamado Teen News (ou algo parecido).
Bem... vi o garoto crescer e correr muito bem. Até que rolou uma decisão do campeonato brasileiro de kart qual eu não pude participar da cobertura das provas. Um jornalista me disse, uma semana depois, que o “Nelsinho” havia usado uma vela de sete dias no motor para ganhar o campeonato. Resumindo, os mecânicos burlaram as regras para faze-lo vencer.
Se isto aconteceu ou não, eu não sei. Só sei que quando ele começou a aparecer por aí, entre categorias de base, Fórmulas 3, e tudo mais, o rapaz deu pinta de bom de braço. E todas as entrevistas e bate-papos que tivemos neste caminho foram sempre muito bacanas e atenciosos, mas sempre notei algo que muita gente também parece ter notado: Apesar do Nelson (pai) sempre se emocionar com a cria ao ver o filho crescer e chegar lá onde ele queria, nunca, de certa forma, ficou paparicando o moleque. Parecia mais descarregar dicas ao filho piloto do que dar o sobrenome a torcer. E uma das coisas que “Nelsinho” absorveu muito bem foi a jogada de correr em tudo que era carro para aprender, aprender e aprender cada vez mais.
Nelson Ângelo estreou no kart, participou de provas de turismo, andou de Porsche na Europa como convidado especial, venceu na Fórmula 3 Sulamericana, Fórmula 3 Inglesa, A1GP, GP2 e agora está na Fórmula 1. Sentiu cada modelo, cada passo difícil de entender o jogo financeiro que há por trás de tudo isso e chegou lá.
Minha única entrevista realmente exclusiva com o pai tricampeão aconteceu pouco antes da largada da primeira participação do filho na 1000 Milhas brasileiras, em Interlagos. “Ele só veio conhecer a pista”. Assim nu e cru, querendo, mais uma vez, ver o filho aprender.
Para quem não sabe, “Nelsinho” chegou a assinar um longo contrato com a equipe Williams, antes mesmo de começar a fazer seu nome na Europa. Mas depois, sem entender muito bem, ele não pintou por ali como piloto oficial. Talvez porque o contrato fosse tão longo quanto à decadência atual do time inglês.
Ironicamente, Keke Rosberg, pai de Niko – piloto da Williams – soltou esta frase para um jornal alemão recentemente que deixou ainda mais polêmica a atual fase do piloto brasileiro: "Alguma coisa está errada por lá, pois parece que Piquet não consegue buscar nada. Alguém como ele, que foi tão bem na GP2, precisava fazer mais. Não consigo entender o que acontece.
Memória curta
Ás vezes a memória parece curta perante os noticiários que mudam a cada minuto, a cada hora e a cada dia por aí. E ficou no ar alguns fatos que parecem ter perdido importância.
Mas basta relembrar a prova de Magny-Cours, na França, para reativar um pouco do “banho” que “Nelsinho” deu em Alonso. Basta também relembrar que as coisas ficaram realmente pesadas para Piquet logo depois de seu primeiro pódio na F1, no GP da Alemanha, quando Alonso ainda choramingava com o carro “ruim” da Renault.Tudo muito estranho, mas tudo muito claro também. Aliás, sabemos que ele é o segundo piloto do time francês.
Fato é que o companheiro do piloto brasileiro venceu novamente esta noite em Fuji, depois de uma corrida bem bacana. Mas os méritos para Nelson Ângelo – quarto colocado na prova de hoje - não podem acabar assim, numa geladeira aguardando alguém abrir para contrata-lo quando o abandono da Renault deve ser anunciado em breve.
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