Se a aceitação é boa ou má, não há como disfarçar a realidade. Corridas de carro, por mais que tenham investimentos colossais e milhares de fãs em todos os continentes, terão, em um futuro muito próximo, os seus dias de culpa. Afinal, qual a lógica de um esporte que polui o ar, gera incontável necessidade de deslocamento em massa, altíssimo nível de tecnologia implantada e, mesmo assim, não agrega tantos torcedores como o futebol? E no avesso do caminho para o bem-estar do planeta, sua contribuição para o que há de errado na preservação do meio-ambiente ultrapassa os níveis do bom-senso.
Entendemos que a estrofe acima fere àqueles que idolatram o automobilismo. E no interesse de enxergar a continuidade e existência deste esporte em um futuro cada vez mais ecológico, buscamos conhecer as saídas daqueles que o fazem acontecer na prática. “A possibilidade da coexistência de automobilismo com a preservação ambiental atrai olhares da indústria e da imprensa em todo o mundo”, menciona Moisés Rioseco, gerente técnico da Yokohama Rubber Latin America, fabricante e distribuidora de pneus para grande parte das competições existentes no Japão e de uns anos pra cá também aqui no Brasil. E um produto inovador testado durante a temporada 2008 da Super Taikyu Series (competição endurance japonesa), mostrou que vale a pena olhar para tal quesito. Recentemente eles anunciaram a criação dos pneus Eco Racing, produzidos a base de óleo de laranja. E o resultado surpreendeu em diversas análises. “O óleo de laranja modera a degradação dos pneus, pois mantém uma melhor característica de aderência mesmo em uma escala de temperatura elevada”, explica.
Outra fabricante de pneus também conta com saldos positivos em sua fabricação. Como fornecedora oficial de produtos na principal categoria nacional, a Goodyear conta com tratamento d´água após o uso na confecção dos pneus e o consumo reduzido de energia elétrica por conta dos já instalados sistemas de gás natural no processo produtivo. Afinal, só na Stock-Car, categoria de maior relevância aqui no Brasil, são consumidos mais de 10 mil pneus durante uma temporada.
Mas o fator de maior expressividade corresponde ao automobilismo de ponta, já que além das provas, existe a necessidade de deslocamento em massa das escuderias, pilotos e toneladas de equipamentos. A matemática para montar a fórmula seguindo dados reais apontados pelo ministério me Minas e Energia seria cruel, já que para cada passageiro que faz uma viagem de 900 km de avião (distância entre Belo Horizonte e Goiânia) o mesmo lança na atmosfera 150 kg de poluentes (consumo individual). Ao fazer a mesma viagem em um trem moderno, o passageiro expele 3 kg de poluentes na atmosfera, ou seja, 50 vezes menos!
TECNOLOGIA DO BEM
A equipe Virgin Racing, onde o piloto paulista Lucas di Grassi divide o posto de estreante na Fórmula 1, foi a primeira escuderia na história a criar do zero um carro totalmente desenvolvido por computador, sem a necessidade de uso extra de peças e, o que mais chama atenção, o estudo aerodinâmico trabalhos por todas as outras equipes em túneis de vento. “O programa CFD, em que o carro foi desenvolvido, funciona muito bem. Mas as análises em túnel de vento ainda proporcionam um melhor rendimento as equipes na pista. Porém, como os custos são bastante reduzidos com a introdução deste programa, a Fórmula 1 deve ter, em breve, um resultado ainda melhor que os túneis a partir do momento em que outras equipes começaram a entender tal conceito.”, menciona o piloto paulista.
Lucas di Grassi apontou também detalhes sobre o retorno do sistema KERS na categoria. Apesar de ainda disponível para todos os times, o equipamento que acumula energia cinética dos freios e transfere a carga para os motores não ficou totalmente aprovado na categoria. Porém desta vez, sua introdução parece um pouco mais interessante. “No meu ponto de vista o sistema KERS é o futuro do transporte mundial, porque reaproveitar a energia dos freios para uso em melhor desempenho ou economia de combustível é uma boa opção também para a Fórmula 1. Afinal, o show do esporte tem que continuar evoluindo conforme a necessidade do planeta”, diz. Lucas também direcionou a reintrodução do KERS como uma boa chance da categoria retomar sua imagem de laboratório para tecnologia em carros rua, como era antigamente. “Atualmente, mais de 90% de toda tecnologia trabalhada na Fórmula 1 fica na Fórmula 1. Então, se conseguirem fazer com que grande parte do desenvolvimento no KERS seja transportada aos carros de passeio, será um grande salto para todos nós”.
E esta é também a palavra de Sam Michel, diretor técnico da equipe Williams F1. “Nós somos totalmente favoráveis ao uso do sistema KERS nos carros da Wiliams, pois é algo que pode contribuir para a Fórmula 1. Alguns carros de passeio já contam com o sistema, então faz todo o sentido desenvolve-lo melhor na categoria para futuro uso ainda mais interessante nas ruas”, concluiu.
Por sinal, a equipe Williams tem paralelamente um investimento singular com carros híbridos, quais alguns deles já competem em categorias de endurance nos circuitos europeus. Estas provas, vale ressaltar, têm, em sua grande maioria o consumo multiplicado de energia elétrica, quando parte das corridas acontecem durante a noite. E uma análise rápida nos números deixa claro que não existe nexo, além de glamour, nestas competições. Alguns apontamentos mostram que são utilizados mais de 100 quilômetros de cabos elétricos; 1500 luzes de 1500 Watts cada (de quatro em quarto metros e dependendo do circuito, são utilizadas lâmpadas de 3000 Watts, o que corresponde a iluminação natural da Lua sobre a Terra em regiões tropicais) e outras centenas de detalhes que assustariam o leitor na incoerência de praticar provas automobilísticas durante o período de sono.
INDY SAUDÁVEL COM ETANOL BRASILEIRO
Mesmo com todo o barulho durante a realização da primeira prova da Fórmula Indy no também primeiro circuito de rua montado na capital paulista, muito pouco se falou sobre o combustível utilizado nos carros da categoria norte-americana. Ou, pelo menos, não foi a maior chamada para os espectadores que acompanharam o evento.
O Etanol brasileiro, exportado pela APEX Brasil há mais de um ano, resultou em aprovação em massa de equipes e pilotos, além de não ter apresentado queda no rendimento dos carros. Pelo menos é o que diz o piloto Hélio Castro Neves. “A simples adoção do etanol como combustível para a Fórmula Indy já é uma demonstração importante que a categoria tem essa preocupação com o meio ambiente e está fazendo a sua parte. Mas também é importante mencionar que os outros fornecedores, além dos combustíveis, trabalham hoje com essa realidade na cabeça.”, mencionou. “Em termos técnicos, minha avaliação sobre o uso do Etanol corrigiu sérios problemas na categoria, já que antes dele, tínhamos o Metanol, claramente perigoso quando suas chamas não visíveis e qualquer acidente mais grave era motivo de pânico nos circuitos. Então, além de ser menos poluente, o etanol promove inegavelmente mais segurança para quem trabalha diretamente no carro em situações extremas, como são os casos dos pilotos e os mecânicos nos pits.
Perguntado sobre o consumo médio em uma prova de longa duração, como a tradicional 500 Milhas de Indianápolis, Castro Neves disse que o tanque do chassi Dallara utilizado em sua equipe Penske Racing tem célula única, a prova de ruptura e capacidade para 22 galões, medida padrão nos Estados Unidos. “Se esta marca corresponde aproximadamente a 80 litros, estimando que numa corrida longa com quatro pits, por exemplo, o tanque for completo todas as vezes e já tendo saído com tanque cheio, o número aproximado é de 400 litros. Mas, na verdade, tudo tem a ver com a estratégia da equipe, a tocada do piloto e ocorrências da corrida. Assim, cada carro tem um consumo diferente principalmente por causa da estratégia e, aí, as equipes não divulgam esses números.
Na postura particular, Helinho assumiu ser um “positivamente chato” quando o assunto é ecologia. “Quando estou na casa de meus pais aí no Brasil me chamam de "mão de vaca", pois sou muito econômico. A gente recicla o lixo, a alimentação é sempre a mais balanceada possível, a geração de resíduos é controlada, consumo de água e luz também é equilibrado com aqueles hábitos básicos que é não deixar torneia aberta a toa e nem largar luzes acesas pela casa. O modo como eu dirijo nas ruas, sempre dentro das normas de trânsito e sem uma condução brusca, além de contribuir com a segurança, ajuda também na economia de combustível. Então acho que hábitos simples como estes, quase que automáticos, talvez faça a diferença quando feitos por todos nós.”
Seja como for, o automobilismo não pode e nunca vai deixar de existir. Corridas de carro é uma arte que impressiona, cria ídolos, sonhos e, para as novas gerações, o esporte também corresponde a uma fábrica de idéia que incrementará ainda mais o espetáculo, sem deixar grandes marcas para a natureza.
Entendemos que a estrofe acima fere àqueles que idolatram o automobilismo. E no interesse de enxergar a continuidade e existência deste esporte em um futuro cada vez mais ecológico, buscamos conhecer as saídas daqueles que o fazem acontecer na prática. “A possibilidade da coexistência de automobilismo com a preservação ambiental atrai olhares da indústria e da imprensa em todo o mundo”, menciona Moisés Rioseco, gerente técnico da Yokohama Rubber Latin America, fabricante e distribuidora de pneus para grande parte das competições existentes no Japão e de uns anos pra cá também aqui no Brasil. E um produto inovador testado durante a temporada 2008 da Super Taikyu Series (competição endurance japonesa), mostrou que vale a pena olhar para tal quesito. Recentemente eles anunciaram a criação dos pneus Eco Racing, produzidos a base de óleo de laranja. E o resultado surpreendeu em diversas análises. “O óleo de laranja modera a degradação dos pneus, pois mantém uma melhor característica de aderência mesmo em uma escala de temperatura elevada”, explica.
Outra fabricante de pneus também conta com saldos positivos em sua fabricação. Como fornecedora oficial de produtos na principal categoria nacional, a Goodyear conta com tratamento d´água após o uso na confecção dos pneus e o consumo reduzido de energia elétrica por conta dos já instalados sistemas de gás natural no processo produtivo. Afinal, só na Stock-Car, categoria de maior relevância aqui no Brasil, são consumidos mais de 10 mil pneus durante uma temporada.
Mas o fator de maior expressividade corresponde ao automobilismo de ponta, já que além das provas, existe a necessidade de deslocamento em massa das escuderias, pilotos e toneladas de equipamentos. A matemática para montar a fórmula seguindo dados reais apontados pelo ministério me Minas e Energia seria cruel, já que para cada passageiro que faz uma viagem de 900 km de avião (distância entre Belo Horizonte e Goiânia) o mesmo lança na atmosfera 150 kg de poluentes (consumo individual). Ao fazer a mesma viagem em um trem moderno, o passageiro expele 3 kg de poluentes na atmosfera, ou seja, 50 vezes menos!
TECNOLOGIA DO BEM
A equipe Virgin Racing, onde o piloto paulista Lucas di Grassi divide o posto de estreante na Fórmula 1, foi a primeira escuderia na história a criar do zero um carro totalmente desenvolvido por computador, sem a necessidade de uso extra de peças e, o que mais chama atenção, o estudo aerodinâmico trabalhos por todas as outras equipes em túneis de vento. “O programa CFD, em que o carro foi desenvolvido, funciona muito bem. Mas as análises em túnel de vento ainda proporcionam um melhor rendimento as equipes na pista. Porém, como os custos são bastante reduzidos com a introdução deste programa, a Fórmula 1 deve ter, em breve, um resultado ainda melhor que os túneis a partir do momento em que outras equipes começaram a entender tal conceito.”, menciona o piloto paulista.
Lucas di Grassi apontou também detalhes sobre o retorno do sistema KERS na categoria. Apesar de ainda disponível para todos os times, o equipamento que acumula energia cinética dos freios e transfere a carga para os motores não ficou totalmente aprovado na categoria. Porém desta vez, sua introdução parece um pouco mais interessante. “No meu ponto de vista o sistema KERS é o futuro do transporte mundial, porque reaproveitar a energia dos freios para uso em melhor desempenho ou economia de combustível é uma boa opção também para a Fórmula 1. Afinal, o show do esporte tem que continuar evoluindo conforme a necessidade do planeta”, diz. Lucas também direcionou a reintrodução do KERS como uma boa chance da categoria retomar sua imagem de laboratório para tecnologia em carros rua, como era antigamente. “Atualmente, mais de 90% de toda tecnologia trabalhada na Fórmula 1 fica na Fórmula 1. Então, se conseguirem fazer com que grande parte do desenvolvimento no KERS seja transportada aos carros de passeio, será um grande salto para todos nós”.
E esta é também a palavra de Sam Michel, diretor técnico da equipe Williams F1. “Nós somos totalmente favoráveis ao uso do sistema KERS nos carros da Wiliams, pois é algo que pode contribuir para a Fórmula 1. Alguns carros de passeio já contam com o sistema, então faz todo o sentido desenvolve-lo melhor na categoria para futuro uso ainda mais interessante nas ruas”, concluiu.
Por sinal, a equipe Williams tem paralelamente um investimento singular com carros híbridos, quais alguns deles já competem em categorias de endurance nos circuitos europeus. Estas provas, vale ressaltar, têm, em sua grande maioria o consumo multiplicado de energia elétrica, quando parte das corridas acontecem durante a noite. E uma análise rápida nos números deixa claro que não existe nexo, além de glamour, nestas competições. Alguns apontamentos mostram que são utilizados mais de 100 quilômetros de cabos elétricos; 1500 luzes de 1500 Watts cada (de quatro em quarto metros e dependendo do circuito, são utilizadas lâmpadas de 3000 Watts, o que corresponde a iluminação natural da Lua sobre a Terra em regiões tropicais) e outras centenas de detalhes que assustariam o leitor na incoerência de praticar provas automobilísticas durante o período de sono.
INDY SAUDÁVEL COM ETANOL BRASILEIRO
Mesmo com todo o barulho durante a realização da primeira prova da Fórmula Indy no também primeiro circuito de rua montado na capital paulista, muito pouco se falou sobre o combustível utilizado nos carros da categoria norte-americana. Ou, pelo menos, não foi a maior chamada para os espectadores que acompanharam o evento.
O Etanol brasileiro, exportado pela APEX Brasil há mais de um ano, resultou em aprovação em massa de equipes e pilotos, além de não ter apresentado queda no rendimento dos carros. Pelo menos é o que diz o piloto Hélio Castro Neves. “A simples adoção do etanol como combustível para a Fórmula Indy já é uma demonstração importante que a categoria tem essa preocupação com o meio ambiente e está fazendo a sua parte. Mas também é importante mencionar que os outros fornecedores, além dos combustíveis, trabalham hoje com essa realidade na cabeça.”, mencionou. “Em termos técnicos, minha avaliação sobre o uso do Etanol corrigiu sérios problemas na categoria, já que antes dele, tínhamos o Metanol, claramente perigoso quando suas chamas não visíveis e qualquer acidente mais grave era motivo de pânico nos circuitos. Então, além de ser menos poluente, o etanol promove inegavelmente mais segurança para quem trabalha diretamente no carro em situações extremas, como são os casos dos pilotos e os mecânicos nos pits.
Perguntado sobre o consumo médio em uma prova de longa duração, como a tradicional 500 Milhas de Indianápolis, Castro Neves disse que o tanque do chassi Dallara utilizado em sua equipe Penske Racing tem célula única, a prova de ruptura e capacidade para 22 galões, medida padrão nos Estados Unidos. “Se esta marca corresponde aproximadamente a 80 litros, estimando que numa corrida longa com quatro pits, por exemplo, o tanque for completo todas as vezes e já tendo saído com tanque cheio, o número aproximado é de 400 litros. Mas, na verdade, tudo tem a ver com a estratégia da equipe, a tocada do piloto e ocorrências da corrida. Assim, cada carro tem um consumo diferente principalmente por causa da estratégia e, aí, as equipes não divulgam esses números.
Na postura particular, Helinho assumiu ser um “positivamente chato” quando o assunto é ecologia. “Quando estou na casa de meus pais aí no Brasil me chamam de "mão de vaca", pois sou muito econômico. A gente recicla o lixo, a alimentação é sempre a mais balanceada possível, a geração de resíduos é controlada, consumo de água e luz também é equilibrado com aqueles hábitos básicos que é não deixar torneia aberta a toa e nem largar luzes acesas pela casa. O modo como eu dirijo nas ruas, sempre dentro das normas de trânsito e sem uma condução brusca, além de contribuir com a segurança, ajuda também na economia de combustível. Então acho que hábitos simples como estes, quase que automáticos, talvez faça a diferença quando feitos por todos nós.”
Seja como for, o automobilismo não pode e nunca vai deixar de existir. Corridas de carro é uma arte que impressiona, cria ídolos, sonhos e, para as novas gerações, o esporte também corresponde a uma fábrica de idéia que incrementará ainda mais o espetáculo, sem deixar grandes marcas para a natureza.
Um comentário:
Ótimas informações meu amigo.
Excelente esclarecimentos sobre o Mundo Verde.
Um abraço!
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