segunda-feira, 27 de abril de 2009

TRADUZINDO WILSON FITTIPALDI

JPS - Ainda no sábado, em Interlagos, encontrei Wilson Fittipaldi circulando os boxes pouco antes do início da primeira bateria da GT3 Brasil. Admito que sempre admirei o clã Fittipaldi desde quando conheci Wilson – na Ômega Stock Car - depois Emerson (em seu escritório quando colaborei com a primeira assessoria de imprensa de sua feira de Tuning) e mais tarde Christian, na nova Stock.

Emerson, ao meu ver, é o grão-mestre. Não simplesmente pelos títulos conquistados, nem por toda sua imagem aqui e lá fora. Mas sim por ele ser ele mesmo.

É sempre difícil analisar alguém quando este alguém não é você. Mas Emerson é daqueles aventureiros que a gente não vê mais por aí. Aquele que apesar de contar com pai e mãe do lado, “rouba” o carro da garagem para brincar de corrida em alguma rua do bairro, fato que aconteceu, algumas vezes, com este garoto que nasceu, vive e sempre será um menino.

A vida cansa, é verdade. E o que pude ver nos olhos escondidos de Wilson neste sábado foi um pouco de tristeza misturada com um cansaço imenso, apesar de estar lá, naquele ambiente quase nato de sua compatibilidade natural pelo esporte que não foi bem comportado com sua alma.

Pensei em perguntar rapidamente sobre sua presença ou reserva da categoria, qual participou ano passado ao lado do irmão com o modelo Porsche. Mas sem querer soltei aquilo que fez sentido por natureza, ou seja, “parou mesmo, Wilson?”. E com um ar mais do que natural, ele respondeu sim a simples pergunta de um jornalista comum, e complementou com o ar técnico, verdadeiro e humilde que só um sobrenome Fittipaldi poderia responder. “Não dá mais, pois com estes pilotos novos na pista, por mais que eu ande bem, tomo um segundo por volta”.

As palavras de Wilson soaram como um motor sendo ligado ás três da manhã, em pleno ambiente onde só algumas cigarras ou grilos procuram fazer seus comentários finais.

Wilson parou definitivamente, e o automobilismo brasileiro, mais uma vez, não deu valor aos irmãos e o garoto filho/sobrinho que mereciam muito mais brilho aqui, em sua terra natal, do que lá fora, onde ainda hoje testemunho fatos como um contato recente que ocorreu há pelo menos um mês atrás, antes da finalização da matéria especial sobre a marca Matra nas pistas.

Meu último contato para aquisição de algumas informações que complementavam a nota, seriam despachadas por alguém citado no texto. E este dissera que, se houvesse mesmo a intenção de adquirir dados completos sobre o assunto, ele cobraria para mencionar, pois "teria de escrever um livro". Assim, disse a ele que talvez me encontraria com Emerson Fittipaldi em poucas semanas (prevendo sua continuidade na GT3) e que, se não houvesse mesmo como escrever algo na contribuição da nota, eu falaria com ele, já que sem dúvida alguma, sua paciência seria diferente e sua passagem pela fase Matra teria conteúdo até maior.

Não deu outra. A matéria ficou pronta no dia seguinte e as informações foram despachadas com a maior pressa possível.

Um comentário:

Duhílio de Menezes disse...

Rapaz, isso me lembrou o livro que eu quase comprei, aquele, "A SAGA DOS FITTIPALDI", sobre não valorizar, é coisa nossa mesmo, coisa cultural, não damos valor ao que temos...
Hoje assisti uma matéria sobre o legado do Pan de Mar del Plata(95) e em comparação ao nosso de doze anos depois, eu me sinto humilhado ao ver.
Sobre os Fittipaldi, eles sempr serão lembrados com todo carinho por nós. ;)